sábado, 9 de fevereiro de 2008


quando se cansava de tudo

dos gritos das paredes
daquela casa vazia

da conspiração morna
daqueles objetos mórbidos

das alucinações vividas
na sua realidade de ansiedades

quando se cansava de tudo
subia no teto da casa e voltava a ser criança

fazia bolhas e bolhas e bolhas de sabão
e voava junto com elas, dentro delas
para longe do cotidiano de ruínas frias
para perto das lembranças aquecidas pelo sol

fazia bolhas e bolhas e bolhas de sabão
e voava junto com elas, dentro delas
para mundos que (re)conhecia
para pessoas que (re)encontrava

depois latejava de felicidade
chorava e passava a habitar, então, o interior dessas lágrimas
queria viver em bolhas e gotas

mas as bolhas estouravam
e as lágrimas secavam

e o abismo a tragava de volta
e ela tragava o último cigarro vivo.

2 comentários:

Anônimo disse...

oh doçura.

porque tanta nostalgia?
e tristeza?!

bolhas são nostalgicas, lágrimas são tristes.

e você é uma lágrima que virou bolha.
^^

Polly Barros disse...

Vixe, achei incrivelmente doce e cortante!
Esse refúgio nas bolhas e gotas, essa necessidade de fugir pro telhado da infância, o desespero de (re)conhecer as pessoas, sentir-se segura no abismo do alto daquele telhado, uma fuga das paredes que gritam: Solidão!..
Belo!

Beijo pra tu :)